Compartilhando o significado de ter um carro antigo... ou mais de um!

terça-feira, 4 de julho de 2017

Problemas paranormais do meu Wartburg 353 - Parte 2

Capa de revista de época. Seria um presságio?
Vocês devem se lembrar da falha súbita e misteriosa do meu Wartburg 353, que o fez passar por mais uma visita inesperada ao Dirk, o mecânico (para relembrar, clique aqui e releiam o post anterior). Ele ficou lá por mais três semanas, num mede daqui, mexe dali e nada de solucionar o problema. Um dado momento, recebo notícias ruins – depois de trocar de bomba de combustível por duas vezes, e de módulo de ignição, a hipótese que sobrara era a troca do motor. Mais do que triste, fiquei incrédulo com a solução pois o motor funcionara sem dar sinais típicos de desgaste ou qualquer outro problema tipicamente mecânico que justificasse esta troca, mas me conformei com o fato que esta poderia ser a solução final. Com coração pesado, cabeça dolorida e conta corrente ameaçada, iniciei a caçada a um motor bom e barato, o que acreditei ser relativamente possível para estes carros, já que muitos foram abandonados à própria sorte após a queda do muro de Berlim.

Achei uma porção de anúncios a preços muito longe do que eu buscava, até que no sexto dia de busca apareceu uma oferta de um motor marinizado, completo, por 300 Euros, e em Berlim. Entrei em contato com o vendedor, acertamos a retirada e lá fui eu buscar o que seria “a nova usina de força” do carro azul. Mas, e para pegar este motor, como é que eu o transportarei? Daí, nada melhor que um carro hatch, se você não tem nem perua (ou carrinha, se você é um leitor de Portugal, Angola, Moçambique ou Cabo Verde) – rebate os bancos, retirei a tampa do porta-malas, forrei tudo com papelões e cobertor para forração, e deixei o carro pronto para no dia seguinte ir buscar o motor de lá do vendedor e leva-lo para a casa/oficina.
Motor praticamente novo, no porta-malas. 
Saí mais cedo do trabalho, coloquei o endereço no GPS e depois de 60 Km em meio aos cafundós de Berlim-Brandenburgo encontrei o local, que é uma oficina de barcos, e cujo dono do motor estava se desfazendo dele para poder colocar um motor de popa, que num barco pequeno é mais fácil de controlar do que um motor de automóvel adaptado. Negócio fechado, motor carregado no carro, e recebo uma mensagem do Dirk, dizendo:

 “Luciano, boas notícias – depois de trocar a bomba de combustível pela terceira vez, o carro funcionou. Dirigi-o por 10 Km e ele funcionou perfeitamente. Se ainda não comprou o motor, não precise comprar mais. Se já comprou, eu o compro de você pelo preço que você pagou”.

O que fazer depois de ler uma mensagem assim? Eu preferi deixar a raiva de lado e pensei que é sempre
Motor, já no quintal da casa dele, pronto para ser guardado.
bom ter um bom motor de reserva, comprador por um bom preço. Cheguei lá, descarregamos e guardamos o motor, e ele me explicou que também se sentia inconformado em trocar o motor e decidiu tentar mais uma vez trocar a bomba de combustível e deu resultado; como cortesia, ele trocou a graxa da caixa de direção (que ficou bem mais macia do que estava), mais uma vez dirigiu o carro por mais uns 10 Km, sem falhar, tossidas, engasgadas ou tremidas. Decidi deixar meu carro no estacionamento na estação de trem de Blankenfelde (aquela mesma), e ir para casa com o Wartburg. Tudo funcionou no carro perfeitamente, como deve ser… até cruzar a cancela da estação de trem, e junto com ela começarem os tremeliques e perda de força. Ele foi se revezando entre momentos de funcionamento normal e de perda de potência, mas chegamos em casa. Escrevi inconformado para o Dirk, mais para pensar junto com ele o que poderia ser, e cogitamos seriamente a hipótese da natureza do problema ser metafisicamente pessoal entre eu e o carro. Ainda assim, concordamos num “plano de ações” para a pesquisa de pane e como (eventualmente) resolve-la. Mas daí, fica para um próximo post.

Então, já sabe: leia, ria, comente e compartilhe. Em breve, mais histórias!

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