Compartilhando o significado de ter um carro antigo... ou mais de um!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

São Bernardo do Mato. Ou Melhor, do Campo

São Bernardo do Campo já foi conhecida como a Detroit brasileira, quando ainda nos anos 50 as fábricas de automóveis e de autopeças se instalaram por aqui e nas vizinhas Santo André e São Caetano do Sul. Antes disso, era terra de colonos italianos e japoneses que cortaram a mata nativa para fabricar móveis e plantar batatas, tomates e café, e muito antes disso, era terra de indios. Ainda assim, aqui se manteve até os anos 80 como uma cidade quase interiorana, onde as pessoas se conheciam, existiam muitas áreas de mata fechada e trânsitoera sinônimo de quatro carros parados no semáforo - como dizia o avô de minha esposa, "era tudo mato". Hoje, há uma profusão prédios (e porcausa disso muitas casas vem sendo demolidas para dar lugar a "lançamentos" de 3 dormitórios e 80 m2), e habitantes com seus carros preto-prata-cinza-vermelho-branco, que fizeram o preço dos imóveis crescer cinco vezes em dez anos, e o trânsito piorou proporcionalmente, assim como a qualidade do ar e até mesmo a estranha beleza desta cidade - afinal, onde moravam cinco hoje moram 250, e ao invés de ir ao trabalho a pé, cada um vai de carro para São Paulo, Santo André ou para a esquina. Há as favelas também, muitas e que se espalharam sobre os morros tal qual uma doença social de nosso país, que está lá nas entranhas mas se manifesta pela pele. A foto que abre este post é de uma casa que está vazia mas "acho" que está em reforma, já que nela foi colocada uma janela nova. Tomara, pois as duas casas vizinhas a ela foram demolidas para dar espaço a mais um "Villaggio Momentum Conquista", com sei lá quantas torres com quatro apertamentos por andar e que vai contribuir para apagar cada vez mais as histórias média e recente da cidade. Mas como "O Baltazar" não tem pretensões de teorizações sociais, vamos falar de carros.

  
Comecei falando sobre a cidade pois, ao ir ao trabalho, vi esta C-10 à venda (caro, por sinal - R$19.000) e esta cena - uma pick-up, numa rua de paralelípedos, ao lado de um terreno - me remeteu a tempos em que isso era comumente visto por aqui. Hoje não é mais, mas a cena continua valendo. 

Daí, no mesmo dia fui buscar a Manuela no "médico". Eis que me deparo com esta cena inusitada - dois Maverick, um 75 e outro 77, fazendo motor e câmbio. Esta era cena comum nas oficinas no início dos anos 80 - depois, com a tardia crise do petróleo, a maioria deles virou clips, roda de Passat ou ferro de construção, já que consumiam muito e ninguém os queria. Ah, os tempos mudaram... mas os Maverick continuam problemáticos!

 E esta é a Manuela, já adequadamente consertada dos freios, no posto de gasolina recebendo uma dose de combustível. Do posto, ela foi para o auto elétrico para ligar lâmpadas e luzes que não funcionavam direito, e no dia seguinte....

 


... de volta ao funileiro/pintor. Algumas coisas precisavam de retoques, outras um novo polimento, e depois de alguns meses tudo o que era para assentar já havia se assentado (ou ao menos era para) e a hora do retoque chegara.  Disse ele que em uma semana ela está pronta. Vamos ver... daí, o próximo passo é o estofamento e instalação do sistema de som.
 
 
E já que falamos de tempos atuais, tirei esta foto ontem à noite do Astra, ao completar 15000 Km em seus dois anos de uso. O tempo voa, e em comemoração a esta data, vou levá-lo para balancear e fazer troca de óleo. 

Este post eu quero dedicar à Dona Júlia, minha mãe, que está se recuperando a passos largos de uma pneumonia que a levou à UTI, nos levou aos mais tristes pensamentos, e que mais uma vez nos ensina que temos que ter calma, para viver um dia de cada vez. Força, Juju!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Desenfreada

Carros antigos em geral são uma fonte quase inesgotável de diversão e desafios, e e semana passada foi a vez de Manuela mais uma vez mostrar que ela não foi feita para quem tem o coração fraco, a mente fechada e disposição de pessoa velha. 

Após esta sessão de fotos e descarga dos pallets que nela estavam, em preparação para levá-la para os retoques de pintura no dia seguinte, fui almoçar num restaurante há alguns quilômetros de onde estas fotos foram feitas. No caminho para o restaurante, os freios começaram a pedir uma pisada a mais no pedal para fazer o trabalho deles. Tudo bem, todos chegaram bem, até que na volta, não era só mais uma "bombada" que se fazia necessária, mas várias e cada vez mais profundas; dois quilômetros depois, só dava para freá-la com o freio de estacionamento já que pisar nos freios dava o mesmo efeito de pisar no acelerador. Como luso-brasileiro que sou, não desisto nunca e segui até em casa, mantendo uma distância segura o suficiente em relação aos outros carros na Via Anchieta. Chegando lá, o resultado: um cilindro de freio da roda dianteira direita estourou e todo o fluido vazou. R$10.00 e algumas bombadas resolveram o suficiente para levá-la ao Henrique (amigo mecânico, o qual já declaro como dependente na minha Declaração de Imposto de Renda), para o conserto correto dos freios e algumas coisinhas mais. Quem tem um carro novo, cheirando a plástico e tinta, não tem noção da emoção e do sorriso que brota involuntariamente ao se ter uma mão no volante e outra no freio de estacionamento para ajudar a frear o carro com alguma coisa do que ainda dáno pedal, e ouvir a travada das rodas traseiras numa descida... isso uma Kombi 73 pode te proporcionar! 

Mudando de assunto, levei um amigo norte-americano ao encontro no Ginásio Poliesportivo daqui de SBC de semana passada, e foi curioso ver como ele achou bacana ver tantos VW juntos (principalmente Brasília, que é um carro raríssimo em Indianápolis e demais cidades dos EUA), e também como as pick-ups Chrevrolet C-10, C-14 e C-1416 (a nossa querida Veraneio) fizeram sucesso. E ao ver esta bela Vera 66 (ah, se eu tivesse dinheiro+tempo+espaço...), encontro o irmão quase-gêmeo do Toninho! Outro Opala 1974, também de Luxo 4 portas, só que 6 cilindros e com algumas marcas do tempo como a subtração da transmissão automática original do carro (que dó!!!) por uma manual de 4 marchas. Apesar disso, o dono está de parabéns, é um belo carro! E vejam também a foto da frente de um lindo e raro Puma GT Malzoni (ainda baseado no DKW Vemag e seu motor de 3 cilindros 2 tempos).

"As demais crianças" continuam na mesma: o Puma está no Henrique (o mesmo lá de cima e de outros posts), para dar um jeito em tudo o que precisa para fazê-lo voltar às ruas - só que ao invés de retirar o câmbio e carburador, por enquanto vai ficar com o de 5 marchas e só ajustar os pedais. Menos coisa para mexer para poder funcionar o quanto antes. O Don só não saiu este fim de semana pois fazer direção quase-cega porcausa da falta do motor de limpador de parabrisasnão está entre os programas que mais estou afim. O Wenceslau deu numas de trepidar forte porcausa do cabo de embreagem, então para não mexer nisso agora, ele voltou para a garagem, fazendo companhia para o Irineu, que por lá repousa até chegar a hora de fazer a retífica do motor dele. E o Toninho continua sendo o mesmo fiel e amigo companheiro de viagens, passeios e trajetos. Tão bacana que dá receio de usá-lo (assim como os demais) neste trânsito biruta daqui de SBC. Nessas horas é que faz falta o carro de uso diário... ou morar num lugar com mais civilidade no trânsito. Mas a rebeldia interna acaba falando mais alto e persistimos - não só Toninho, mas todos os outros carros, para embelezar o "preto/prata/branco/cinza/amarelo/vermelho" que predomina no trânsito de hoje e também mostrar, de alguma forma, que sempre temos uma alternativa que não significa ter o carro novo, a roupa da moda ou ir ao restaurante que todos vão. Dá certo, é só querer de verdade. O Irineu que o o diga, nos seus quase 50 anos... e o Don, que como Fênix ressurgiu e se escapou do destino triste de se transformar em "Ferrari de pivete" para depois acabar seus dias esquartejado e cremado num conversor LD de alguma aciaria de siderúrgica. Como dizia Raul Seixas, "basta ser sincero e desejar profundo, (e) você será capaz de sacudir o mundo!".

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sintonia fina e ressurreição pós-pascoalina

Este feriado foi praticamente todo dedicado ao Don. Agora que ele está andando, começou a montagem de pequenos itens de acabamento, acertos de elétrica, ajustes no motor e etc. Ainda vai muita sintonia fina para deixá-lo bacana - mas vamos às fotos!

Aqui está ele, limpo e com estilo. Atrás, o Puma GTB aguardando sua vez.

Dos três motores de limpador de parabrisas, só sairá um bom.

Estas eram as velas que estavam no motor. Esta cor preta nos eletrodos é sinal que o motor já viu dias melhores...

O carro está muito bom para andar, mas ainda tem alguns barulhos que precisam ser eliminados, e várias pecinhas que requerem montagem, para depois, passar por retoques de pintura e um bom polimento. O motor dele continua tabagista, então já que para ele parar de fumar vai ser necessária retífica, é bem provável que o Don receba um motor também Chevrolet V8, só que 350 polegadas cúbicas, já retificado. Enquanto isso, ele vai matando a saudade das ruas e eu de andar com ele.

E o Puma saiu da toca! O eletricista instalou (quase) tudo, ajustou (quase) o que precisava, e na segunda-feira ele tardiamente fez sua ressureição e ganhou as ruas... ainda que de forma precária. Um caminho de 15 minutos levou 1 hora, culpa da embreagem que patinou feio e depois da tampa do reservatório de água que fez o motor ferver. O câmbio original de 4 marchas vai voltar para onde veio, substituindo o ótimo todavia gigantesco câmbio Eaton FSO-2405 (de S-10 V6, 5 marchas), que fez o túnel ficar largo demais e atrapalhar os pedais do carro - e com isso, a embreagem será corrigida. O carburador, por enquanto, continuará sendo o quadrijet que nele está, e na semana que vem, espera-se que todos os "quase" sejam eliminados e se possa, enfim, trafegar em nova vida pelas ruas. Para finalizar bem este post, vejam a foto dele na companhia de outros carros que fazem um "estágio terapêutico" no estaleiro de um amigo meu que é mecânico.



segunda-feira, 2 de abril de 2012

A volta de Don, o Boêmio

E o Don voltou a andar, bonito e faceiro, e isso não é piada de 1º de Abril! Ele voltou, entortando pescoços por onde passa, deixando sua marca em qualquer lugar. O motor está fumando um pouco mas dane-se, quando o motor abrir o bico pra valer eu vejo o que faço. A grossa camada de poeira que lhe cobre e evidencia o tempo que ficou aguardando o tratamento que demorava a chegar, não é nem de longe suficiente para lhe tirar o charme - aliás, ajuda a dar um toque de contracultura boêmia que ele tem. Salvem-se as contas bancárias e os postos de gasolina, pois ele chegou para saciar a sede por Gasolina Aditivada que há tanto tempo lhe seca as entranhas.

Vai ficar mais legal quando o limpador de parabrisas funcionar, tudo estiver montado, paralamas e capô ajustados... e principalmente, quando estiver lavado!

Seja bem vindo de volta, Don. Agora é hora de viver e curtir.