Compartilhando o significado de ter um carro antigo... ou mais de um!

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Quando a volta é pior que a ida.

O Frank foi ao médico, pois como escrevi antes ele estava cada vez mais fraco e ranheta, e não pude concluir o diagnóstico na garagem onde ele fica.


O paciente foi mandado de volta para casa, mas com encaminhamento para um endocrinologista (ou um "carburologista"). Resultado dos exames e procedimentos efetuados:
  • O motor está com compressão normal - 7.5:1 os cilindros 2 e 3, e 7.25:1 no cilindro 1. 
  • Cabos, bobinas, soquetes de velas, velas, ignição... tudo trocado e em conformidade.
  • Nenhum sinal de junta de cabeçote queimada, ou mistura de óleo com combustível.
  • Bomba de combustível reparada preventivamente, estava normal.
  • Carburador manhoso, não acerta nenhuma regulagem.
Resultado: o carro saiu de lá pipocando até aqui (35 Km), e nos dois quarteirões finais ele ficou ridiculamente fraco e sem subir rotação, chegando à garagem quase em marcha-lenta. Veja no videozinho tosco o barulho que faz na estrada, e que só foi piorando no trajeto. 

Parece mesmo que o carburador e a ignição precisam de alguém que o s entenda. Lógico que o serviço foi (bem) cobrado, e lógico que estou puto por não ter resolvido, mas pelo menos é reconfortante ver que não é mesmo nada que requeira intervenção maior no motor.

No domingo, resolvi dar uma olhada e o carro, além de muito fraco, voltou a demorar para ligar. Tirei o carburador fora para revisá-lo, e quando vi as velas, uma estava normal, a segunda estava meio úmida, e a terceira está preta e úmida, portanto a ignição também continua ruim. A saga continua, então. Saco! E como todos gostam, vejam as fotos dele em mais esta etapa, que inclui a instalação de um par de faróis de neblina, acessórios de época fabricados também na Alemanha Oriental. 

Super vídeo do Frank pipocando, usando meu telefone GoPro comorçamento limitado.

Motor sem o carburador, para observar as velas. 


Fumaça saindo do cilindro 2, que estava no ponto morto inferior, e portanto com a janela de escape aberta. 
Vela do cilindro 2, úmida. 

Vela do cilindro 3, encharcada. 

Análise de compressão do motor. Pelo menos isso mostra que não há nada de mais sério. 

Interruptor no painel para os faróis de neblina. Bem ao estilo dos tempos da DDR. 

Frank com seus novos faróis de neblina, acessórios de época.  

domingo, 25 de outubro de 2015

Minha mãe dizia...


Minha mãe me dizia, entre várias coisas, sempre para que eu tivesse juízo e parasse de ir atrás de coisas velhas; hoje eu vejo que devo ter ouvido o primeiro conselho mais ou menos metade das vezes em que ele me foi dado, enquanto que o segundo eu acabei por fingir que não era para mim.
Agora vamos para 13 de Maio de 2015. Eu, brasileiro „puro pobre e besta“ (como dizia Raul Seixas) estava em Portugal para resolver alguns documentos, e lá encontrei com o António, antes que eu partisse para Aveiro. O António é uma figura – numa pequena garagem em Loures, ele tem um DAF modelo 66 com direção à direita (carro vendido em Moçambique), uma Vespa, uma Casal Carina (scooter portuguesa, fabricada nos anos 60 e 70) e um dos únicos Trabant que rodam hoje em Portugal. 

Eu e o "Cartãozinho", o Trabi de meu amigo António.

O motivo do encontro tem a ver com falta de juízo – pois dias antes havia visto um anúncio no OLX de Portugal que muito me interessou… o objeto em questão estava em Salvaterra de Magos, cidade 60 Km ao norte de Lisboa, local com várias fazendas, poeira de terra e vida aparentemente pacata. O António já havia feito o primeiro contato com a pessoa, e lá fomos direto do Aeroporto de Lisboa para a tal localidade, encontrar com o Sr António (sim, mais um António).  Chegamos lá, vimos a coisa, negociamos e chegamos a uma definição comercial que agradasse a ambos e fechamos negócio, levando o tal mimo para Lisboa, para posterior envio até Berlim.
Lógico que você já imaginou (corretamente) se tratar de um carro, agora qual carro era? O „objeto“ é esse aqui das fotos ao lado do Trabant.


"Cartãozinho" e Eusébio, lado a lado. (crédito da foto: António de Freitas)
Foto do anúncio no site de vendas (é esse mesmo que você está pensando)

Eusébio esperando o embarque.
Detalhe da traseira, do anúncio no OLX. 
Interior do carro, foto do anúncio. 

Quase acertou quem disse que é um Opala – o Eusébio (lógico que ele já tem nome) é um Opel Rekord C 1971, que foi o carro que deu origem ao Chevrolet Opala no Brasil, e que obviamente possui várias semelhanças e algumas diferenças importantes em relação ao „irmão“ brasileiro. Considerando o ano de fabricação, dá para notar que o acabamento do Opel Rekord é um tanto melhor que o do Opala, com arremates melhores, plásticos de melhor qualidade e a presença de alguns itens como acolchoamento não só em cima como embaixo do painel, e descanso de braço no banco traseiro. Por outro lado, o motor 4 cilindros 1.9L pena um pouco para tirar o carro do lugar – o conjunto foi desenvolvido para a realidade das cidades e Autobahnen alemãs ocidentais (quando existiam artificialmente duas Alemanhas), onde não é necessário tanto torque em baixas rotações em favor de mais de velocidade final e economia de combustível. O motor do Eusébio já viu dias bem melhores – está fumando um pouco e consumindo óleo, o que explica em parte o desempenho pouco emocionante, mas por outro lado ele não faz nenhum barulho anormal, tampouco esquenta. Levá-lo até Lisboa, foi bastante tranquilo e prazeroso – ele se comportou bem, e os problemas que ele tinha não representaram preocupação alguma. Depois de quase um mês de espera, a transportadora finalmente o entregou em Berlim, e da garagem ele foi para uma oficina para fazer uma revisão mecânica, trocar pneus e fazer as inspeções para o TÜV e placa histórica. O negócio ficou bem caro, mas agora dá para rodar com segurança e também registrá-lo na Alemanha e circular com ele nos centros urbanos já que veículos históricos não precisam fazer a inspeção de emissões, a qual ele obviamente seria reprovado.
Eusébio e Frank, lado a lado na garagem - dois alemães contemporâneos, um ocidental e outro oriental.
Frank e Eusébio
Eusébio e Frank
Pois é, e graças à ajuda de um António, fomos até outro António resgatar um irmão distante do Toninho, que assim que receber a placa alemã circulará pelas estradas alemãs. E também resolver um probleminha elétrico nele e trocar uma borracha de porta… bem que minha mãe dizia para eu ter juízo…