Compartilhando o significado de ter um carro antigo... ou mais de um!

domingo, 17 de abril de 2011

Amigo da Onça - Parte 3

Oi gente,

Novamente fui severamente cobrado pelos (3) leitores deste blog sobre a continuação das histórias do "Amigo da Onça", então sem mais explicações ou inócuos pedidos de desculpas, escrevo desta vez sobre uma das coisas mais memoráveis deste Dodge Dart branco - a parte elétrica.

O sistema elétrico do Dodge parece ter sido projetado seguindo a mesma filosofia do time de futebol da Portuguesa de Desportos - onde basta você contar com ele(a) e com quase 100% de certeza você vai ficar na mão. Ele não era daqueles carros em que se dava seta e acabava-se acendendo os farois, mas que demonstrou, entre outras coisas, ser um consumidor voraz de baterias (e não somente de gasolina). De certa forma, este Dodge teve um papel social bastante grande pois foi com ele que garanti o sustento de mecânicos, pude proporcionar a um dos funileiros recursos suficientes para mudar para uma sede própria, o custeio da faculdade de medicina da filha de um pintor, além de ter tirado da insolvência pelo menos uma casa de baterias.

Bastava deixar o carro parado por uma semana que, ao ligar, era a sequência de "nhec nhec nhec nhec". "nhec nhec nhoc nhoc nhóooc". "nhóooc nhóooc nhunk nhúnk nnhhúnk" "téc". "téc". E mais uma bateria de 60A (e R$180 em valor atual) precisaria de recarga, senão troca, o que era algo bastante frequente. Não adiantava colocar gasolina no carburador, pisar no pedal de acelerador, desligar a bateria do carro ou ter uma plantação de arruda no lugar do banco traseiro, esse era o infeliz modus operandi do sistema elétrico deste carro; isso quando ele se manifestava pois muitas vezes nem luzes no painel ele acendia, e parecia ficar com aquela cara de cachorro que sabe que vai ao veterinário ou então que não quer tomar banho. Cheguei a trocar alternadores, reguladores de voltagem, comutadores de ignição, módulo de ignição eletrônica, chicote de motor de arranque, mas nada resolveu.

Mas... repararam que no segundo parágrafo eu não mencionei nada sobre eletricistas? Não foi à toa pois, infelizmente não conheci nenhum até hoje que não fosse preguiçoso com o Dodge, ou então enrolado até onde a imaginação possa levar. A história era sempre a mesma - alguém recomendava um eletricista, dizendo que o cara era fenomenal, "que havia refeito o chicote de um Opala Diplomata zéééééro" de um Boeing 747 e se bobear até de disco voador. Careiro? "nããão, cara bom e de preço bacana". Ao chegar lá, explicava o problema do carro ao cidadão, e falo sem dó: "Amigo, pode arrancar o chicote todo e fazer um novo. Não tem problema de prazo e nem de preço, só quero que o carro fique bom." Ia para casa, e um dia ou dois depois ouvia a ligação: "O carro tá pronto, pode vir." Desconfiado (e outras vezes, já conformado), chegava lá e o carro continuava com o mesmo chicote. Intrigado (e nas demais vezes, já conformado e broxado emocionalmente com a situação), perguntava "Ué, mas e o chicote não foi trocado? E se o problema voltar??" ao que recebia como resposta "O chicote do carro está bom, era só uma fuga de corrente." E logicamente, a conta ficava baratinha... o serviço continuava porconildo... mas por ser barato, nenhum eletricista conseguiu acabar com meu orçamento, ao contrário dos demais profissionais supracitados.

Tal qual a Lusa, se você não prestasse atenção nele, era só virar a chave e pegava de primeira, além de funcionar perfeitamente. Mas era só contar com ele, achar que estava tudo legal (principalmente quando o Dodge era a ÚNICA opção de locomoção, por qualquer motivo), e ele fazia questão de te deixar na mão, principalmente num lugar que não fosse em casa. E, pra variar, com os outros ele funcionava direitinho... dá para entender? Ô carro de fases!

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