![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqzurVs3JCBa5R46VnidhLZJAzPRgmv1yfiJI6ybOxG6ePhF8H64WHQ3zJqXI4cn8ikTcPUDJ6d76t6WxsCzJH-dnBQLa-iS1i9cVEVw0B8pVhVA1AHRWkAddWZXKSxfVdB397lwxmMa8/s200/22171910_1811962665498846_369325503_o.jpg)
O contrato de leasing do carro que usava diariamente estava chegando ao fim, e apesar dos bons serviços prestados, comprá-lo estava completamente fora dos meus planos, e isso acionou um plano que tinha há muito tempo – o de comprar um bom carro com o mínimo de dinheiro possível. Coloquei alguns requisitos: 1) custo do carro de no máximo € 1700, incluindo manutenção básica; 2) seguro de no máximo € 110 por mês no primeiro ano; e 3) veículo de procedência, com histórico e bem cuidado.
Depois de um mês de busca, achei um Skoda Felicia, ano 1997, de história semelhante à do Willy, o Trabant; o carro fora comprado zero-quilômetro pelo pai da senhora que o colocou a venda, e fez todas as revisoes na concessionária próxima à casa deles. Já aos seus mais de 90 anos e uma coleção de pequenas colisões e riscos depois, o proprietário deixou de dirigir e acabou se mudando para uma casa de repouso, e como consequência o pequeno veículo Tcheco ficou a maior parte do tempo em repouso na garagem da casa, a ponto de só ter rodado 300 Km em um ano, do total de apenas 49700 Km nos seus 20 anos de existência. Quase que a mesma história do Willy, como você pode ler aqui ("Bem vindo, Willy"). Interessante notar que o Skoda Felicia foi o veículo de transição da Skoda como fabricante da antiga Tchecoslováquia para o posterior controle da Volkswagen, dando um grande salto de qualidade e sucesso da marca, sendo um carro de carroceria mais nova, mecânica Skoda ou Volkswagen como é o caso deste carro, mas estrutura do antigo Skoda Favorit.
![]() |
Carrinho fotogênico, de cor que o favorece e esconde as marcas de uma vida de poucos abusos mas diversas marcas. |
![]() |
Cruzamento de um Versailles com um Gol Geração I, este é o Felicia. |
estado do interior que apesar de sujo, condizia com um carro usado com carinho. Junto com o carro, uma pasta com todas as notas fiscais dos serviços realizados, nota fiscal de compra do carro e o manual do proprietário. Uma volta e também nenhuma surpresa, tudo funcionando como esperado num carro pouco rodado, mas parado há muito tempo. Com um pouco de conversa, chegamos ao preço de € 1000, incluindo os pneus de inverno - bem dentro da meta. As cotações de seguro variavam entre € 65 e € 113 ao ano, também dentro da meta. E veículo de procedência. Só faltou ter ar condicionado, mas aqui o calor só ataca para valer por 3 semanas ao ano, bem tolerável sem o equipamento.
Na estrada, ao retirar o carro, era nítido que ele estava carente de uso – apesar de conservado, estava duro, com suspensão barulhenta, e cheio de coisas dentro, coletadas pelo Sr Manfred por mais de 20 anos ao longo da propriedade deste Skoda. O motor VW 1.6 timidamente subia de rotação, enquanto o cambio estranhava tanto uso depois de tanto tempo, atrapalhado pelo pedal de embreagem tao alto que era difícil trocar as marchas sem dar tranco. O radio Blaupunkt original cantava ainda acanhado, estranhando o novo repertório. Ao chegar no prédio, meu vizinho vê o carro e comenta que se acostumara a ver carros bacanas na minha vaga, e agora ver um Skoda era "curioso"... para não ser agressivo com ele, contei um pouco sobre o carrinho e o preço pago, fazendo vê-lo de outra maneira, mais simpática.
![]() |
Willy e o BMW, novo, potente e caro demais para meu orçamento. |
![]() |
Willy e "Felicio", seu novo irmão. Pequenos, baratos e pagos! |
Uma lavagem, aspiração, limpeza com panos úmido e seco, e a cara do carro já melhora bastante. No dia seguinte, enquanto Adriana limpava os vidros eu pintava as áreas com ferrugem, para enfrentar o inverno e a tóxica combinação de sal e neve à carroceria. Um abastecimento com gasolina Super Plus de 98 octanas fez alguns cavalos do motor voltarem à vida. E assim, a cada trajeto feito, ou serviço executado, melhor o “pequeno velhinho” se comportava, soltando-se e desempenhando melhor. Após a troca de óleo e de fluido de freio, o carro ficou muito bom. Claro que ainda tem suas coisas de carro de 20 anos – as fechaduras do porta-malas e do bocal do tanque não funcionavam, e tiveram que ser substituídas, e a porta do lado do passageiro às vezes não destranca, impedindo o funcionamento das travas elétricas, mas já vai melhorando. A suspensão dianteira faz um barulho mais incômodo do que preocupante – entretanto, com a idade eu também passei a fazer barulhos que não fazia e nem por isso há qualquer problema de saúde.
![]() |
Estrada vazia. Um ótimo remédio para carros "amarrados" pela falta de uso. |
![]() |
Atestado de saúde do pequeno Tcheco, após 500 Km de serviços e cuidados. Nada como uma autoestrada sem limite de velocidade... |
Depois de 5000 Km e com um trocadilho um tanto infame, "Felicio", este Skoda Felicia segue feliz e funcionando muito bem, ainda que dentro de suas limitações. Se não chega aos 200 Km/h com seus 75 cv, seu consumo médio é de apenas 14 Km/l (7,1 l/100 Km) entre cidade e estrada, nada mal para um carro cujo projeto é contemporâneo ao do Fiat Uno de primeira geração. O sedentarismo realmente é um problema, não só para as pessoas mas também para as máquinas.
Porém, com a mudança de cidade e a perspectiva de mais viagens em estradas, este simpático Skoda foi anunciado e mudou de mãos, para ficar em Brandenburgo. A viagem de Berlim até Munique em Janeiro fez a decisão ser tomada pois mesmo se comportando bem na estrada, aquela não era a "praia" dele, e todos nós (Felicia, minha esposa e eu) terminamos a viagem bem cansados. A boa notícia é que ele foi para outro proprietário bastante zeloso, e no lugar dele, compramos outro carro maior mas nas mesmas condições e apenas cinco anos mais novo.
Portanto amigo, não se assuste pela idade de um carro, tampouco pela quilometragem, tudo vai depender do uso que ele teve, como foi mantido, e o preço pedido. Botemos os “velhinhos de quatro rodas” para rodar! É mais econômico, ecológico e divertido!
Porém, com a mudança de cidade e a perspectiva de mais viagens em estradas, este simpático Skoda foi anunciado e mudou de mãos, para ficar em Brandenburgo. A viagem de Berlim até Munique em Janeiro fez a decisão ser tomada pois mesmo se comportando bem na estrada, aquela não era a "praia" dele, e todos nós (Felicia, minha esposa e eu) terminamos a viagem bem cansados. A boa notícia é que ele foi para outro proprietário bastante zeloso, e no lugar dele, compramos outro carro maior mas nas mesmas condições e apenas cinco anos mais novo.
Portanto amigo, não se assuste pela idade de um carro, tampouco pela quilometragem, tudo vai depender do uso que ele teve, como foi mantido, e o preço pedido. Botemos os “velhinhos de quatro rodas” para rodar! É mais econômico, ecológico e divertido!