Antes, devo fazer uma nota de esclarecimento: entra água em todo o carro antigo. Pode ser um Rolls-Royce, Ferrari, Fusca, Opala ou carro anfíbio, não tem jeito. É só dar uma chuva mais forte que o normal que você vai ganhar alguns pingos d'água nos pés ou no braço, vindo de borrachas ressecadas em geral, ou daquela ferrugem que ninguém vê (nem o funileiro, muito menos você), ou então pela falta daquela bendita peça que o pintor esqueceu de montar de volta. Aliás, quanto te dizem "não saio na chuva com esse carro" não é só um sinal de zelo pelo veículo antigo, mas também falta de vontade de ter que passar pano no carro ao chegar no destino. Enfim, se no seu carro antigo não entra água, parabéns. Ou então, aguarde o próximo temporal.
Mas voltando ao Dodge branco, era tanta água que entrava que me deu vontade (de verdade) de recolher a água para fazer alguma coisa de útil, como colocar no radiador, regar plantas ou passar um paninho no carro. A primeira vez que me deparei com esta memorável característica foi uma vez em que fomos Adriana, Walter, Dodge e este que vos escreve, para o meu amigo Chuva (sem trocadilhos, este é o apelido dele) e depois de algumas voltas por lá decidimos parar no posto para abastecer, algo muito comum num Dodge. Como o posto era um daqueles "abasteça 20 litros e ganhe uma lavagem automática" (daquelas com escova), não perdi uma oportunidade de um banho de graça na viatura, principalmente em vista que o salário de assistente técnico era quase todo consumido com gasolina, mecânicos e peças. Nós dentro do carro, fomos lá para a máquina de lavar com suas poderosas escovas rotativas e jatos de espuma. Foi só começar a bater água no carro que esta encontrou refúgio dentro do carro. A Adriana começa a gritar e rir, o Chuva a gargalhar, o Walter a fazer cara de bunda e eu tentando manter a pose, como se fosse o dono de um Aston Martin que está surpreso com isso... esguichava água pelas borrachas dos quebra-ventos, vãos das portas, por debaixo do painel, parabrisas, enfim, saimos de lá realmente molhados, mas dando risada - afinal era Domingo à noite, e de lá iríamos para as nossas casas, mudaríamos de roupa (certamente após um bom banho, pois dormir com cheiro de gasolina não rola) e iríamos todos dormir no aconchego de seus respectivos leitos.
Agora, quando usava o carro para trabalhar ou saía com ele e ficava molhado, aí não tinha graça. Eu charregava uma toalha de banho no carro (e depois duas) para enxugar o carpete e os bancos quando ia chover, e tinha uma porcaria de uma goteira em dois cantos das borrachas dos parabrisas que estrategicamente pingavam na minha coxa esquerda e na coxa esquerda de quem estivesse como passageiro
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É, isso era chato sim, mas rendeu histórias, como esta que compartilho com vocês.
(Momento Jabá: o meu amigo Chuva está vendendo uma perua Astra 95 branca, praticamente único dono, por um preço camarada. Se você estiver afim de um caror que futuramente - daqui há 14 anos - poderá receber placa preta, e é confiável, escreva para mim que eu repasso para ele. Senão, jamais saberás como é a emoção de ter um carro branco...rs)
Hahahahaha!!!!!
ResponderExcluirNo dia da lavagem achei que era um momento "Christine - o carro assassino" (morreríamos afogados!). Só havia uma flanelinha no porta-luvas. Simplesmente não tinha como enxugar. Fiquei de bunda molhada.