Tem aquele ditado que diz “raios não caem duas vezes no
mesmo lugar”; sorte com carro usado, aqui na Alemanha, também. Não me refiro a
carros antigos, que ora já são bem mantidos, ora são objetos para restauração,
e que, portanto qualquer problema é mais óbvio. Minha referência é sobre o
típico carro usado para uso diário, que é mais barato que um novo e deveria ser
confiável. É pessoal, aqui a frase “o barato sai caro” é bem verdadeira, ainda
que o tal barato não o seja de verdade.
Lembram-se daquele Skoda Felicia? Simples, robusto,
relativamente confortável e barato? Pois então, depois que ele foi embora, veio
para o lugar dele um BMW 316i, ano 2004. Um bom carro médio, de desempenho
modesto, mas em geral um carro honesto ao longo do ano que fiquei com ele. Ele
era bem confortável que o Felicia, tinha só 128000 km quando eu o comprei, e
era bem suficiente tanto na cidade quanto na estrada.
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O "Tio Berto" |
Só que depois de uns quatro
meses ele começou a fazer um barulho no motor – ao ligar, ouvia-se um ronco nos
estranho, e que parava após 3 segundos. Era a corrente de comando de válvulas,
item típico de desgaste nesses carros, e cuja troca é bem cara. Assumi o risco
e fui utilizando-o, e daí outras coisas começaram a se fazer presentes – a
embreagem já dava uma leve patinada, o vidro da porta do motorista emperrava de
vez em quando, e o carro começou a consumir óleo, na faixa de 1 litro a cada 1500
km, que mesmo sendo previsto pelo manual, era de se estranhar. Daí um dia foi
conferir o nível de óleo e apareceu uma nata clara na vareta. Era a temida
mistura de água no óleo, sinal que seria preciso abrir o motor em breve. Como
já comentei antes, os serviços na Alemanha são muito caros, em especial aqui na
região de Munique, e consertar o “tio Berto” (apelido deste carro) ficaria mais
caro que comprar outro. Anunciei-o, e depois de um mês vieram três jovens,
andaram no carro e depois de uma breve negociação nós fechamos negócio. Um
deles era mecânico, então faria estes serviços necessários nas horas vagas, e
comprou o carro sabendo o que lhe esperava.
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O "Tio Bento" |
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"Tio Berto" e "Tio Bento" pela última vez. |
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Tia Frida |
Com um pouco de procura, o "Tio Bento" deu lugar à "Tia Frida" - uma bonita perua
Mercedes C180 K, ano 2004, com quilometragem baixa, e absolutamente nenhum
sinal de vazamento nem de corrosão. Confortável, bonita, espaçosa e bem
cuidada, com isenção válida por pelo menos um ano e meio, era um bom carro para
o que eu procurava. E como está com ela até agora? Você saberá no próximo texto.