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E matando a curiosidade de quem lê este blog, o carro é o que seria considerado o "carro médio da classe trabalhadora de sucesso" no Leste Europeu dos anos 70 - trata-se de um
Wartburg 353 ano 1972, com suas "curvas nada curvas" desenhadas aparentemente com as réguas dos engenheiros alemães orientais, com apenas 38000 Km rodados, e que "morou" na então Tchecoslováquia até 2014. Após a queda do Muro de Berlim, muitos dos Trabant e Wartburg foram vendidos muito barato ou mesmo sucateados, rareando-os nas ruas e de uns três anos para cá, causando um aumento significativo de preço deles. Ainda dá para comprá-los por preços razoáveis, mas é de se pensar que há cinco anos, comprava-se um Wartburg decente por 500 Euros, e um Trabant para restaurar por módicos 50 Euros...
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O Wartburg é um carro certamente incomum nos dias de hoje, mesmo aqui na Alemanha, e
que se não é propriamente um carro bonito, ele compensa esta falta com a
abundância em soluções interessantes e pouco convencionais comparadas
aos veículos ocidentais da mesma época. Uma delas é a de usar o mesmo conjunto mecânico que era utilizado nos
DKW antes da II Guerra Mundial - motor 3 cilindros, 1000 cm3 2 tempos,
câmbio manual de 4 marchas acionado na coluna, e tração dianteira. Esse
conjunto é muito parecidos com os dos DKW-Vemag que tivemos no Brasil, e
tem um ronco de motor bem característico dos motores 2 tempos, junto
com a fumaça azul que sai pelo escapamento, com a queima do óleo
lubrificante misturado à gasolina. Como os recursos eram escassos na
Alemanha Oriental, não dava para ficar desenvolvendo novos motores para o
mercado - até mesmo porque não existia concorrência, o que era
fabricado tinha uma fila de espera de 15 a 18 anos (isso mesmo, ANOS),
então ninguém ia deixar de comprar um Wartburg para comprar outro carro
da mesma classe. O "Frank", abreviação de "Frankenburger", nome que meu irmão batizou este Wartburg, é um modelo de exportação para o Oeste Europeu, com acabamento melhorado, peças de melhor qualidade (selecionadas nas fábricas de autopeças) e algumas diferenças em relação aos fabricados para "mercado local". Sim, ele era exportado para vários mercados, e chegou a fazer um certo sucesso na Grécia, Chipre, Reino Unido e Finlândia com sua relação custo x benefício, economia de combustível e amplo espaço interno - ainda que o estilo dele pareça uma cópia chinesa de um um DKW Fissore brasileiro. Enfim, um carro eficiente dentro de suas limitações técnicas, e que atendia ao que lhe era proposto.
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Falando sobre o Frank, o Wartburg Tcheco, eu estava procurando por um
Trabant no Ebay, e de tanto procurar e não achar nenhum que me
encantasse dentro do orçamento proposto, vi o anúncio de outros carros
fabricados "do outro lado da cortina de ferro" e apareceu o anúncio
dele. As fotos pareceram bacanas, a descrição também, e o preço era
condizente. Marquei encontro com o proprietário, e combinamos de ver o
carro no sábado seguinte. Minha surpresa foi não só ver um carro, mas uma reunião de mais de 50 Trabants, em diversos estados, cujo proprietário do local tinha para compra e venda (nota: ele afirmou já ter vendido Trabants para muitos países europeus, e também para os EUA, explicando o preço deles ultimamente); depois de acompanhar sem entender quase nada um papo em alemão solto entre o vendedor, o dono do local, e um amigo que foi comigo ver o carro, fomos ao galpão onde ele estava guardado. E apesar de uns amassados resultantes de uma de chuva de granizo, o carro realmente estava como descrito, sem nenhuma ressalva. Depois de duas tentativas o motor ligou e não apresentou nenhum barulho anormal... e então, negócio fechado! Saí à caça da transferência para o meu nome e da confecção de placas, de uma garagem para guardá-lo e depois de um mês, lá fui eu buscá-lo a 110 Km de Berlim.
Sábado passado, Adriana e eu acordamos cedo e seguimos até a pequena cidade de Babitz para buscar o Frank até seu novo lar. E depois de uma longa, detalhada e pouco inteligível explicação sobre o funcionamento do carro pelo simpático proprietário do lugar onde ele estava guardado (o "Sr Trabant"), fomos ao posto e seguimos pela estrada. O carro foi muito bem, sem anormalidades, com ar quente funcionando de maneira muito eficiente, e mantendo uma média de 100 Km/h, chegando a 120 Km/h em alguns momentos. Nada mal para um carro que ficou parado por tanto tempo e cujo motor não conseguiu nem "se esticar" direito. Chegamos sãos e salvos, ainda que sem estepe e descobrindo que o rádio não desliga, está tudo ótimo com ele. A lista de coisas a fazer nele é tão pequena que acho que bem rapidamente ele estará 100% pronto para viajar e circular por aí. Para um dia completar a lista (um dia...), pretendo comprar um Opel Rekord C, que é o "pai do Opala" e carro equivalente a ele na Alemanha Ocidental. Mas isso são planos para um futuro um pouco distannte. Enquanto isso, vamos curtir o novo membro da coleção, e primeiro desde que estou aqui em Berlim. Vejam abaixo mais fotos dele.
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Frank num momento fora da lei, posando para foto do anúncio do Ebay. |
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Chuva de granizo, que deixou marcas na fuselagem. |
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Capa de revista alemã oriental "Der Deutsches Strasser Verkehr" ("O trânsito das ruas alemãs"), com um irmão do Frank. A foto com o capô aberto é propaganda pouco positiva. |
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Um mar de Trabant, de todos os anos, condições, gostos e bolsos. |
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Frank no galpão, ainda com as placas do antigo proprietário. |
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Mais uma do Frank, no mesmo galpão. |
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Frank na estrada, na média de 100 Km/h. Notem o painel completíssimo dele, com velocímetro, termômetro e marcador de nível de combustível (que aliás, não funciona). |
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Eu e Frank, numa parada estratégica para uma foto. |