Compartilhando o significado de ter um carro antigo... ou mais de um!

sábado, 23 de maio de 2015

Como ter um carro antigo sem surtar nem falir - terceiro passo

Prosseguindo com a série de posts, agora vamos ao terceiro passo - recapitulando, primeiramente escrevi sobre a decisão de ter ou não um carro antigo, e no segundo post o tema foi como escolher o primeiro carro antigo que lhe apeteça, caiba no orçamento e que você tenha aptidão para usufruir. Esta publicação de hoje vai cobrir a sequência de restauração e priorização na hora de "levantar" seu carro antigo. Se você decidiu por adquirir um veículo pronto, também é interessante que você leia este artigo pois um dia você precisará (ou quererá) fazer uma restauração ou dar uma melhorada no seu "amigo de lata", e acho que estes passos lhe serão úteis também. Antes de começar, ainda vale o recado: se você não comprou nenhum carro ainda, quer comprar para restaurar e é o seu primeiro projeto, compre um carro simples e com várias peças ainda disponíveis. Sou fã do Fusca também neste aspecto, pois ainda há muita opção de peças e se você errar em alguma coisa (acredite, as chances de errar são grandes), consertar o erro é muito mais fácil do que se fosse num VW SP-2 cujas peças são caras e escassas. A lógica também vale para as personalizações ou seja, se você quiser fazer um hot rod, comece com um carro ou conjunto de carroceria, chassi e mecânica mais simples.

O primeiro passo é a avaliação do carro, para definir e listar o que precisa ser feito. Observe e dirija o carro (quando possível) para ter noção do que está bom, o que está razoável e o que precisa de serviço urgente. Isso é fundamental para que você evite gastar dinheiro logo de início em coisas que são menos prioritárias e façam a restauração ficar mais demorada e cara. Além disso, dê preferência por trabalhos que podem ser feitos rapidamente, para que você veja o projeto progredindo e também consiga aprimorar suas habilidades. Importante: não desmonte o carro sem saber exatamente o que vai fazer, nem desmonte tudo para depois mexer em tudo e montar de volta. As chances de seu carro virar um monte de peças a ser vendido por menos do que você gastou são muito grandes.
Desmontar é fácil. E para montar de volta? (crédito: Garagem do Fusca)

Não há uma sequência fixa, mudando de acordo com o tipo de carro e extensão do projeto, mas a que funcionou melhor até agora é a seguinte:

  1. Documentação
  2. Mecânica geral (motor, câmbio, diferencial, suspensões)
  3. Funilaria
  4. Pintura
  5. Eletricidade
  6. Vidros
  7. Tapeçaria
  8. Cromeação
  9. Ajustes e retoques (funilaria e pintura)
Muitos podem perguntar: "por que documentação primeiro?". Simples: imagine que você gasta uma boa parte do seu suado dinheirinho na restauração do carro e de repente descobre que ele é objeto de mandado de busca e apreensão? Ou então que ele faz parte daqueles inventários complicadíssimos e você ainda cai no azar de ter um malandro na família do inventariado que declara o carro como dele e te faz perder o veículo? Acredite, já vi histórias assim e além de gerarem muitas dores de cabeça o final dificilmente é feliz. Então veja bem a papelada do carro, procure um bom despachante ou mesmo um advogado, e já transfira o carro para o seu nome se isso for possível; se não der para transferir já, ao menos tome todas as medidas necessárias para que seja fácil acertar a documentação posteriormente.

Sem entrar em maiores detalhes sobre as demais etapas, é mais importante que você faça uma boa pesquisa sobre quem vai realizar cada um dos serviços descritos acima. Se dinheiro não for limitante, há oficinas que tomam conta de tudo e te entregam o carro pronto e brilhando, mas isso está muito longe de ser barato. Se você gosta de fazer algum desses trabalhos ou acredita ter habilidade para algum deles, escolha um deles para se dedicar e faça com todo o esmero do mundo, gastando o tempo que lhe for necessário para fazer de maneira decente. Se algo começar a dar errado mais de duas vezes, faça uma pausa e vá pesquisar depois o que aconteceu - fazer essas coisas com a cabeça quente ou com pressa geralmente resultam em frustração. Além disso, há muitos tutoriais na internet que mostram como fazer determinados serviços, que acabam sendo muito úteis para amadores como nós.
Bolhas de ferrugem que apareceram na Manuela, após 18 meses de funilaria e pintura prontos. Um exemplo de retrabalho comum.
Quanto a escolha dos profissionais para fazer cada um dos serviços, lembre-se da boa e velha paciência. Ela vai lhe ser muito útil para procurar pelos profissionais que lhe satisfaçam, para juntar o dinheiro necessário para fazer o serviço, para debater eventuais retrabalhos e para encontrar as peças que faltam para terminar o projeto. Não confie somente em indicações - vá visitar o lugar, conheça a pessoa e sempre que possível veja outros trabalhos feitos pela empresa ou pelo profissional, de preferência trabalhos executados há mais de 6 meses ou um ano, pois assim já passou uma boa parte do brilho e maquiagem que pudesse ter sido feita.

Cápsula espacial Vostok 1, de 1961 (fonte: dafufsm.blogspot.com)
E por fim, mais uma dica importante: primeiro, faça o carro andar, depois pense em melhorias. Platinado, carburador, freios a tambor, dínamo e pneus diagonais não são bons o suficiente para as exigências de hoje MAS em 1961 era o que havia e mesmo assim o homem conseguiu ir ao espaço com essa tecnologia disponível... com isso, você evita gastos desnecessários, distração com a adaptação de sistemas novos e se anima ao ver o "amigo de lata" funcionando, mantendo o progresso com seu projeto, sem que você enlouqueça e nem vá à falência de tanto comprar peças, pagar profissionais, guincho e etc.

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