Compartilhando o significado de ter um carro antigo... ou mais de um!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Uma chance a Cinira

Quem gosta de carros antigos normalmente acaba gostando de outras coisas antigas tais como propagandas, placas, brinquedos, móveis e utensílios domésticos. Lógico que eu não sou exceção, e também tenho uma satisfação peculiar: a de resgatar coisas que iriam para o lixo, ou até mesmo acabaram indo mas foram "salvas" a tempo. O mesmo vale para aqueles bazares de instituições de caridade, que recebem diversas doações e vendem coisas a preços módicos, mas que eu tenho um grande prazer em resgatá-las para um fim mais nobre do que acabar os seus dias como matéria prima de reciclagem.

Então chega de milongas, e apresento Cinira, a enceradeira! Ela foi encontrada ao lado de uma árvore na Vila das Mercês, numa tarde de quarta-feira de cinzas, e estava lá, toda empoeirada encarando o destino próximo que era virar moto de catador de sucata ou então recheio de caminhão de lixo. Parei o carro, dei uma olhada nela, não percebi nenhum cheiro de queimado e pensei "vou arriscar" - abri o porta-malas e lá fui eu tentar mudar o destino da pobre enceradeira para algo mais digno. Chego em casa, ligo-a na tomada... e ela funciona bem, apesar de cuspir uma poeira danada. Dois dias depois, com desmontagens, limpeza, ajustes e remontagem, e ela volta à vida, ainda com algumas cicatrizes do uso diário (como o dourado de sua pintura que já não é mais o mesmo que exibia quando saiu da fábrica da Arno, nos anos 70) mas com a confiança para bons serviços e o charme para ser também um objeto decorativo. (Aliás, A Cinira pode ser sua por uma pequeno investimento - escreva para mim e combinamos).











Cinira antes e depois - nada que um pouco de paciência, conhecimento e carinho não transformem... nossa, não havia pensado nesta metáfora até escrevê-la!

Em um próximo post escreverei um pouco mais sobre móveis e utensílios domésticos de antigamente que ganharam uma segunda chance - aguardem!

E falando em carros, a Manuela ganhou um servicinho, simples mas simpático - o trinco do quebra-vento foi substituído, assim como a capa do rolamento de roda para que assim, o velocímetro possa voltar a funcionar (nos VW com motor refrigerado a ar, o cabo do velocímetro vai montado na capa do rolamento da roda dianteira esquerda, num furo quadrado; na Manuela, este furo se desgastou e ficou redondo, o que fazia o cabo girar em falso), o cinto de segurança do motorista foi substituído por um do comprimento certo, e o toca-fitas TKR (o "cara preta") que ficava embaixo da prateleira que ela tem embaixo do painel foi retirado para a instalação de um toca-fitas também de época, mas desta vez um Motoradio ACR-M32 que comprei pelo Mercado Livre. Ainda lhe faltam os botões, que serão providenciados oportunamente à instalação, que não rolou pela falta do esquema de ligação. Aliás, para quem precisar de um esquema de ligação deste rádio e que DEVE servir para os demais radios da Motoradio (confirmem antes de confiar cegamente nesta informação), ele é o seguinte:
FIO AMARELO COM PORTA FUSÍVEL: POSITIVO 12V
NEGATIVO TERRA CHASSI DO RÁDIO
Fio Azul e Preto: Saída Canal Esquerdo
Fio Verde
e Preto: Saída Canal Direito

E esses dias aproveitei e dei uma boa andada com o Toninho, inclusive para matar a saudade não só dele, mas da minha infância. Esta foto aí ao lado é na casa onde fui morar desde os meus 3 dias de idade até os meus 7 anos e sim, meu pai me levou a bordo do "Seu Alfredo" - Opala Especial 72 que ele tinha, (4 portas, amarelo com teto de vinil, placa NL 0924 - se souber onde está este carro, avise-me!!). A casa amarela já não é mais amarela e nem casa é mais (antes de ser salão de beleza, foi habitação de outras famílias, pensão, ficou fechada e bem maltratada, até que se transformou no que é hoje), os paralelepípedos que calçavam as ruas foram cobertos por asfalto, a minha infância passou faz tempo mas as lembranças continuam, então revivi a uma foto antiga minha onde estavam nesta mesma casa meu pai à esquerda, o Opala 79 marrom na vaga encostada à parede, e eu do outro lado, com toda a maturidade que um pirralho de 5 ou 6 anos pode ter. Foi gostoso ter esta lembrança, e ver que ainda tem um pouco de "testemunhas da história" por aí - aproveitei que estava lá e tirei mais uma foto do Toninho, mas desta vez na frente da casa da dona Montserrat, uma espanhola que mora (ou morava?) na mesma rua nesta casa de azulejos amarelos, tão bem conservada e intocada, que não dá bola para os prédios que se erguem a encarando como uma "velha baixinha" - aliás, como boa espanhola, ela se empina maquiada, impondo respeito para todos que passam por aquele cruzamento onde ela faz seu plantão há anos e anos, pelo menos desde quando eu me lembro como gente. Agora digam: excluindo-se as pichações, esta foto não ficou legal até dizer chega?





2 comentários:

  1. Caramba!!! cheguei a ver poucas dessas enceradeiras na vida, afinal quem nasceu quase duas decadas depois da época delas, não viu facilmente. Será que se tirar aquela proteção preta que tem na Cinira, não dá para mudar a função dela para enceradeira de carros ?? rsrsrs... (parabéns pela iniciativa de resgatá-la)

    Acho que depois que você colocou mais de 100 na Manuela (um post do ano passado), ela passou a esconder a velocidade para que você chegue novamente em velocidades altas sem perceber, ela deve gostar de adrenalina !!!
    Primeira vez que posta o Toninho com a placa preta... E essa foto irá para papel de parede no PC por uns tempos.
    Parabéns pelo momento de recordações... como iniciou o post, repito aqui: "Quem gosta de carros antigos normalmente acaba gostando de outras coisas antigas"; também se aplica a fotos e lembranças, certo ?
    Abração

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  2. Lucas, quando as casas tinham pisos de ladrilhos cerâmicos avermelhados e de tacos maciços, as enceradeiras eram ferramenta fundamental para passar cera no piso e deixá-los brilhando para deleite da dona-de-casa e das visitas que iam nas casas tomar café. Aliás, na casa onde nasci tinha uma enceradeira bem parecida com essa, mas que foi doada por falta de uso após nos mudarmos para outro local.
    Acho que não foi a Manuela quem quis esconder a velocidade, mas a "torcida" que viu o post com a foto do velocímetro marcando mais de 100 Km/h... mas valeu a experiência.
    Um abraço!
    LP

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